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ESCRITA CRIATIVA: PISTAS QUE ANTECEDEM A ESCRITA

REFLEXÕES COM BASE NO TEXTO ‘FALANDO EM LÍNGUAS: UMA CARTA PARA AS MULHERES ESCRITORAS DO TERCEIRO MUNDO’ POR GLORIA ANZALDÚA



Por: Edicarla Correia de Sá


Quando penso na minha infância não consigo recordar sobre minha voz, se era uma criança questionadora, daquelas cheias de porquês e perguntas que parecem surgir do nada, não lembro do seu som ou de que forma outras pessoas, crianças ou adultos reagiam a minhas ideias ou posicionamentos, como vi em minha experiência enquanto professora de Educação Infantil, cada pergunta ou sentimento expresso, “pró porque meu pai bate em minha mãe?”, “não gosto do meu cabelo”, “porque reclamam tanto com a gente, somos só crianças”...

Refletindo com os olhos de hoje, o texto de Glória Anzaldúa, sua trajetória de escrita, mulher negra, que fazia da leitura o descanso entre suas jornadas de trabalho nas plantações norte americanas, poemas, contos, cartas, romances, peças de teatro, biografias, percebe por si só o poder curativo, criador, transformador da escrita, e passou a defender que mulheres de cor devem buscar meios para expressar suas ideias, tomando as rédeas de sua história, que são criadoras de teorias, construtoras de epistemologias. Acreditou em si, na escrita, na capacidade de cada mulher de cor, e assim, tornou-se referência obrigatória nos debates sobre diferença dentro do feminismo norte-americano.

Glória começa a nos dizer algo que vivenciamos ao sentar para escrever um texto, \não é algo fácil. Os textos acessíveis para estudo e conhecimento da vida, para a maioria das pessoas, são revistas exotéricas que custam dois reais nas bancas de revista, ao passo que outras com conteúdo mais aprofundado sobre diversas questões sociais e humanas, são por assinatura e não menos que quarenta, cinquenta reais.

Como começar? Como escrever se minhas palavras, a forma como me expresso, sinto, intervenho, não são consideradas intelectuais o suficiente, não são padronizadas perante o conhecimento científico, se o que sei e o eu sou não são suficientes para a escola, para a academia o suficiente?

O que mulheres de cor enfrentam não é o mesmo que mulheres de brancas... As mulheres chicanas, indígenas, as que caminham para a escola e trabalho, lamentando a falta de tempo para tecer suas escritas, de expressar suas ideias, sonhos, sentimentos, devaneios porque não... As asiáticas, lésbicas, trans, mães solteiras, “arrastadas em todas as direções por crianças, amantes, marido, ex-marido”, mulher, ex-mulher, e a escrita.

Sim, a escrita, pois ela deve estar presente, devemos insistir para que ela também se faça presente em nossa rotina, em nossas vidas. Embora todas tenhamos muito em comum, temos histórias diferentes, formas de sentir diferentes, umas privilegiadas em algum ou alguns pontos e outras sem privilégio algum.

Saibam, “não podemos transcender os perigos, não podemos ultrapassá-los”, mas nós podemos ressignificar nossa história, podemos atravessar o perigo, como tantas de nós, antes de nós atravessaram, e não “esperar a repetição da performance”, a repetição de ciclos, de histórias.

Podemos escolher caminhos outros, vivencias outras, e sei que sabem e sentem que para toda escolha há renúncias, ou melhor, a cada escolha para atravessar os condicionantes e o que é esperado para nós, para o lugar que esperam e querem que ocupamos há uma consequência, que é social. Se você escolhe estudar, trabalhar, e no sábado sair com as amigas para tomar uma cerveja para relaxar da rotina exaustiva, vocês serão vistas como disponíveis para sexo casual, e os exemplos não param, que todas nós já vivenciamos... O medo de sair a noite, o sentimento de não se sentir suficiente e capaz.

A escrita é uma ferramenta potente de autodescoberta, de autoreflexão sobre nossas dores, e ao encará-las podemos encontrar forças para ressignifica-las e atravessar os perigos. Ao ler sobre outras mulheres que passaram por este processo de insistência na escrita nos revela que não estamos sozinhas, que este processo de silenciamento não é algo exclusivo a si, mas a todas nós. Não é somente não ser ouvida, mas totalmente silenciadas, intimidadas, caladas.

Hoje quando penso na adolescente tímida na sala de aula, que pensava em dez vezes antes de responder uma perguntar que a professora fazia, e que eu sabia a respostas, e por fim, a oportunidade para responder passava e eu mais uma vez silenciava. Até um dia, na oitava série, no Colégio Estadual Júlio César Salgado, uma professora pediu para escrever um conto, e ao ler o meu, ela se mostrou surpresa e disse que era uma escritora, foi a primeira vez que ouvi algo do tipo, e tentei continuar a escrever dentro dessa perspectiva, contos, novelas, romances, poemas... Vejo isso como uma semente plantada naquela época.

Mas na maioria das vezes, para a maioria de nós a escola não nos ensina a escrever, nem nos dão certeza se estamos no caminho certo, se nossas tentativas podem ser válidas, ou ainda, não nos dão a chance de tentar, de mostrar quem somos, de que a história de cada um é importante, que cada pessoa é importante.

Anzaldúa nos diz que nós falamos em língua, por não nos compreenderem, não nos ouvirem, não se preocuparem em aprender a nos compreender, a ver por nossos olhos, sentirem ou caminharem por nossos caminhos.

A escrita ficou adormecida e até esquecida durante o ensino médio, na universidade, e na especialização, essa escrita pessoal, até visceral. Na academia eu queria aprender a escrever de forma científica, acreditava não saber, não ter conhecimento suficiente.

Ela, a escrita, volta no período do mestrado em Educação e Diversidade, programa da Universidade do Estado da Bahia, após as leituras de mulheres que ousam criar novas epistemologias a partir de suas experiências, dores e partos, epistemologias transatlânticas, como diz Karla Akotirene, nas trocas de afetos e saberes com minhas professoras e professores do curso, minhas colegas de turma e grupos de estudos em que participei. Outra experiência marcante foram viagens com grupos de mulheres com o objetivo de compartilhamento de histórias. Esses lugares de aprendizado foram ambientes seguros para compartilhar meu eu mais natural sem os julgamentos, provando o que Glória nos diz sobre nos amar, sobre nossa capacidade de contribuir para o acolhimento e cura de umas as outras.

Glória nos conta que se tornou professora de inglês para desafiar seus professores racistas, fez na prática o que nos ensinou Freire, que estudar é nosso maior ato de rebeldia, de transgressão da própria realidade. Quando a viam como mais uma criança mexicana, estúpida e suja.

Vejo isso no dia a dia da escola pública, “os alunos que vem das escolas rurais são fraquinhos”, “não trabalhar xs conteúdos, pois sei que eles não vão conseguir acompanhar”, “não vamos nos dar o trabalho de corrigir as provas da OBMEP deste turno, pois a maioria é da zona rural e com certeza nenhum deles alcançou a aprovação na primeira fase”, “se aceitar é uma coisa, mas vim com o cabelo altura, não é aceitação não, é exagero, é querer chamar a atenção”... Entendamos, o corpo fala, nossa presença ou a ausência dele fala. Nossa insistência na escrita também é uma intervenção.

No poema de Cherríe Moraga descreve os sentimentos que Anzaldúa retrata sobre a perda da língua, sob ser colocada sempre num sub lugar, num lugar ilegítimo, como sempre sendo uma imigrante no seu próprio lugar de nascimento, mas não pertença. O poema diz:

Não tenho imaginação você diz

Não. Não tenho língua

A língua para clarear

Minha resistência ao literato.

Palavras são uma guerra para mim.

Ameaçam minha família.

Para conquistar a palavra

Para descrever a perda

Arrisco perder tudo.

Posso criar um monstro

As palavras se alongam e tomam corpo

Inchando e vibrando em cores

Pairando sobre minha mãe,

Caracterizada.

Sua voz na distância

Ininteligível iletrada.

Estas são as palavras do monstro.


Escrever é externar as feridas que o outro não enxerga que contribuiu para cria-las, podemos de fato criar um monstro neste externar, arriscamos é verdade, mas arriscamos nos perder se caso continuarmos caladas. A escritora, Anzauldúa, continua, pergunta-nos: “quem nos deu permissão para escrever?” Por que escrever parece tão artificial? Porque sentimos ou nos fazem sentir que este não é o nosso lugar? Acaso não somos nós intelectuais? Ouse a dizer a si mesmas, eu sou uma mulher intelectual, uma mulher negra intelectual, uma mulher trans intelectual, uma mulher lésbica intelectual.

Nós fazemos de tudo para fugir da escrita, adiá-la, fazemos uma coisa e outra, ajeitamos uma coisa e outra em casa, atendemos o telefone, gastamos horas nas redes socias, fugindo e adiando estarmos presentes e assumindo um lugar que também é nosso.

Ela se pergunta: “quem sou eu, uma pobre chicanita do fim do mundo, para pensar em escrever?” Como que um atrevimento, uma audácia, ou ainda, que acha ter uma capacidade que na verdade não deveria ter. Pois é assim que involuntariamente a nós, e propositalmente pelo outro, esta sensação de não lugar é imposta a nós, desde muito cedo.

Difícil acreditar que sou uma mulher intelectual, uma mulher escritora, sentir, acreditar que podemos ser esta pessoa, que intervém e contribui com o mundo desta forma. Não nos dizem a nossa classe, a nossa cultura, a mulheres de cor que podemos ser tudo e bem mais. E quanto mais falamos sobre quem nós somos, quanto mais externamos nossas dores, mais criam meios, mecanismos para nos calar, para tentar nos colocar em nosso “lugar”: “lá vem a feminista”, “já vai começar com o mimimi”, “isso aí não é vitimismo não?” ...

Nosso processo de tomada de conhecimento, de tomada de um lugar que também é nosso, de autodescoberta e sobretudo, autocura. Não querem entender, não querem aceitar que podemos ter feridas que são causadas pelos preconceitos e discriminações criadas pelo sistema desigual, racista, machista e misógino. Walker citado por Anzaldúa nos diz que o homem, como outros animais, sente o medo e afasta, repreende o que não entende, o que não quer entender. Franz Fanon e Grada Kilomba vão dizer que este medo vem da necessidade de proteção da própria mente de refletir no outro o “monstro” que sou, que não quer assumir ou enxergar-se como tal, então impõe ao outro tal imagem, ou seja, na implementação do projeto de colonização o sequestrador, estuprador, escravagista, torturador é o herói, conquistador, forte, belo, intelectual. O outro seria o fraco, bandido, mal, sujo, feio. O colonizador impôs sua essência sobre o outro, fazendo acreditar que ele era assim.

Entendendo isso, compreenderemos que na verdade somos em essência, capazes, fortes, inteligentes e podemos criar, a partir de nós, nossas histórias, a forma como vemos e sentimos com o mundo, novas epistemologias e teorias transformadoras, transgressoras de si e do outro.

Então ela continua a se questionar e nos faz refletir: “Talvez se nos tornarmos mulheres-homens, tão classe média quanto pudermos, talvez se deixarmos de amar as mulheres sejamos dignas de ter alguma coisa para dizer que valha a pena”. Penso nos elogios que recebemos, somos reconhecidas e para tal, comparadas ao homem, para sermos boas em algo, chegamos ao patamar da elite masculina: “você é pai e mãe”, “você dirige tão bem quanto um homem”, “você uma mulher arretada, é uma mulher-macho”.

Ao transgredir tais estereótipos e barreiras precisamos romper com o conforto do conformismo e do “lugar” que nos fizeram acreditar que é o que devemos ocupar. Vale nesse momento trazer tal citação:

“Mulher do terceiro mundo: Nós anulamos, nós apagamos suas impressões de homem branco. Quando você vier bater em nossas portas e carimbar nossas faces com ESTÚPIDA, HISTÉRICA, PUTA PASSIVA, PERVERTIDA, quando você chegar com seus ferretes e marcar PROPRIEDADE PRIVADA em nossas nádegas, nós vomitaremos de volta na sua boca a culpa, a auto-recusa e o ódio racial que você nos fez engolir à força. Não seremos mais suporte para seus medos projetados. Estamos cansadas do papel de cordeiros sacrificiais e bodes expiatórios. (ANZALDÚA, 2000).

Uma forma de intervir é priorizar nossa escrita, valorizar e começarmos a nos ver como somos, mulheres escritoras e intelectuais, produtoras de conhecimento e cultura, valorizar nossa história, a escrita e história das mulheres do terceiro mundo.

Escrevo para expurgar minhas dores, minha ansiedade, meus medos e culpas, escrevo para me manter viva, encontrar equilíbrio em meio ao caos, escrevo para reescrever minha própria história, ser ouvida, registrar o que não me permitem dizer, o que não querem geralmente ouvir.

Intimidade é algo que podemos conquistar, neste processo de autodescoberta, e desmistificar que sou “louca”, ou “uma pobre alma sofredora”. “Para me convencer de que tenho valor [...] para mostrar que escreverei, sem me importar com as advertências contrárias. [...] Finalmente, escrevo porque tenho medo de escrever, mas tenho um medo maior de não escrever”.

Escrever é a busca e encontro do ‘eu’ neste mundo cujo qual somos levadas a nos avaliar pelos olhos do outro, nos ajuda a encontrar cura em nós, e compreender umas as outras, nos aproxima de nossa essência e capacidades, uma estratégia de sobrevivência.

“Você não está sozinha”. Hoje enquanto acolhia uma aluna que chorava e externava suas feridas a mim, as dores do racismo e da gordofobia que sofrera toda sua vida, em uma crise de ansiedade, relatava, como se assujeitou a um relacionamento abusivo por medo de nunca mais encontrar outra pessoa que a amasse, que a desejasse, que lhe desse que o ela procurou, amor, aceitação, enquanto enxugava suas lágrimas, explicava sobre representatividade, pesquisávamos mulheres negras no instagram para que ela seguisse, Karla Akotirene, Tia Má, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Joice Berth, referência de mulheres negras que lutam contra o racismo, e assim, fazer o caminho contrário do referenciar-se pelos olhos do branco racista. Na intenção de que pudéssemos juntas encontrar outras definições, vozes, olhares de mundo, estávamos em meio a conversa atravessar a “verdade” afirmada pela hegemonia masculina e branca.

Na minha experiência de escrita durante o mestrado em educação e diversidade, foi motivado em dois momentos diferentes, em duas pausas do curso, a primeira foi uma greve e a segunda a pandemia. Na primeira, me vi forçada a pausar a rotina de 40 horas de trabalho e mais outras tantas que não consigo quantificar de estudos. Nesse momento entrei em profunda crise de ansiedade, angústia, tive que enfrentar partes de mim que tentava manter escondida, mas pareciam insistir em desnudar-se, como que controlar-me, na verdade, esta parte de mim só buscava cura, perdão.

O abuso que vivi em minha infância, as marcas do silenciamento, da exclusão, voltavam, não para me torturar, para me re-vitimizar mais uma vez, mas para olhar para o passado e encontrar o perdão, entender que o que passou não descreve ou resume quem eu sou. Tentei psicoterapia, medicamentos, mas foi lendo mulheres negras, em especial bell hooks, na sua pedagogia e escrita, neste segundo momento de pausa, depois de instrumentalizar-me nas disciplinas do curso, de vivenciar por mais tempo e ter a oportunidade de ter com minhas professoras, colegas, compartilhamento de saberes, que compreendi que poderia encontrar esta autocura através da escrita, e por Glória Anzaldúa, que é imperativo escrever para descolonizar, para libertar-me do que me prendia.

Escrever minha história fez com que eu entendesse que minha trajetória foi quem me trouxe até aqui para que pudesse compartilhar com vocês, entender que como Gloria diz, o que me valida como ser humano é o que me valida como escritora. Então, o que lhes disseram sobre sua história não ser importante, sobre você não ser importante, que você não tem nada de incrível para ensinar é mentira, ao contrário.

Portanto, escreva! Na cozinha, no banheiro, no ônibus, na fila da lotérica, banco ou supermercado, nas madrugadas durante as noites de insônia ou nas crises de ansiedade, escreva! Brava, triste, machucada, feliz, escreva! Encontre apoio e resistência no ato de registrar sua história, suas emoções, seus pensamentos e ideias. Encontre força, responsabilidade, perdão e cura. E ao encontrar a resistência, atravesse-a, saiba que elas virão ao começar a escrever, “porque uma mulher que escreve tem poder. E uma mulher com poder é temida”.

“Audre disse que precisamos falar. Falar alto, dizer coisas sem ordem – coisas que podem ser perigosas – e mandar que se fodam, pro inferno, deixar sair e fazer todo mundo ouvir quer queiram ou não” (Kathy Kendall apud Gloria Anzaldúa, 2000).

Finalizo convocando-as mais uma vez, pelas palavras de Gloria Anzaldua, “escrevam com suas línguas de fogo”, não permitam que digam que vocês são menores do que são, que não capazes de narrar o mundo pelas suas próprias vozes e mãos, e senti-lo por si mesmas, não deixem que as falsas vozes que gritam que não são capazes tomem conta de vocês e apagar o fogo que arde dentro de cada uma de nós, por cada uma nós, pelas que vieram antes, pelas que vieram depois, façamos ser presentes onde quer que estejamos, em qualquer lugar que ocupamos. “Encontrem a musa dentro de vocês”, não a temam, não permitam que a sufoquem ou a intimidam, deixem ela fluir pela boca e pelas mãos de vocês. Ouso também compartilhar um poema de minha autoria:



As linhas do papel em branco falam por si,

Dizem da escolha em distanciar-se do desconhecido.

Talvez seja covardia,

Ou auto proteção.

Mas de que valeria insistir em algo que causa medo.

Em algo que não era o esperado.

Observávamos as estrelas em um dia,

Noutro jurava amor por outra pessoa,

Na calada da noite desejavas uma outra terceira.

O que é verdade, o que é mentira...

Ou tudo simplesmente uma ilusão.

E se estivermos vivendo em uma ‘matrix’,

Que vida simplista seria.

Inteligências artificiais que cultuam suas próprias imagens,

Enquanto fingem amar a Deus.

O álter ego inflama-se em paixão pelos números que representam observações superficiais.

Louva-se, exalta-se pelos que rastejam demonstrando dependência emocional.

Procuro sentido, tento encaixar-me até certo ponto,

‘Observo por cima do muro’

Como que camuflando-me entre os iguais para não destoar tanto assim a paisagem da self em preto e branco.

Medito sobre viver o ‘agora’,

Fugindo de ansiedades inóspitas de silêncio

E cheias de confusão.

Mas, e se realmente somos estes seres únicos cheios de ‘eus’ historicamente vividos,

Então seríamos incríveis.

Natureza ímpar criada por e para o amor.

Quem você quer ser pode não representar o que sua carne suplica de ti.

O que você deseja doar, pode ser apenas um desejo...

Pois ao te ver tentar ser o que não é,

Vi o quanto nossa particularidade supera o que sonhamos para nós

Ou o que esperam de nós.

E, com certeza, não é sendo o que desejam de nós,

Que seremos capazes de doar nosso mais verdadeiro afeto.

Então fale o que pensa,

Sinta e expresse a verdade de seu coração,

Não minta para si acreditando que ainda consegues enganar.

Não seja só mais um na fila de um matadouro qualquer.

Se é para viver ou morrer,

Que seja sendo sua mais fiel essência.

Seja você o sinônimo de liberdade.


(Carla Sá, 17 de setembro de 2021.)



REFERÊNCIAS

ANZALDÚA, Gloria. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas. Ano 8. 1º semestre, ano 2000.

IMAGEM UTILIZADA DISPONÍVEL EM: https://estantedasala.com/por-que-sou-levada-a-escrever/









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