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Conversas sobre a BNCC


Muitas pessoas, professores e professoras, coordenadores e coordenadoras, tem dúvidas ainda sobre a BNCC - nossa Base nacional comum curricular, bem... Realmente é algo que tem tirado nosso sono, somos nós coordenadoras pedagógicas que somos responsáveis por esta proposta que flexibiliza o currículo escolar da forma como o conhecemos atualmente.

Em termos gerais a BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Como são desenvolvidos esses parâmetros? Por meio de competências e habilidades. Alunos devem a cada série e disciplina desenvolver habilidades e competências específicas.

A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. (Ou é o que esperamos que ela seja).

Nossa atenção será voltada para o ensino médio, ou como já estamos nos habituando a chamá-lo de Novo Ensino Médio.

Hoje aconteceu a II reunião conjunta dos conselhos municipais de educação do teritótio de identidade do Piemonte Norte do Itapicuru. Um reunião que contava com a presença de secretários municipais de educação, legisladores representados por vereadores, professores, gestores e coordenadores da rede pública municipal e estadual do território, bem como professores e diretora da Universidade do Estado da Bahia, campus VII-Senhor do Bonfim, todos voltados para as mudanças que estão acontecendo na escola.

E sim, as mudanças já estão acontecendo. No ensino fundamental e educação infantil as mudanças são mais visíveis, pois há dois anos a maioria dos municípios brasileiros já se adaptaram as novas formas de organização curricular por competências e habilidades, no caso específico da educação infantil, ainda, considera-se os campos de experiência como temática interdisciplinar como áreas do conhecimento norteadores para a construção do fazer cotidiano de professores e professoras.

O tema da reunião intitulado: Melhorias do Ensino: que caminhos trilhar? conduzido pela professora Alda Muniz Pêpe, professora da Universidade da Madeira, localizada em Funchal, Portugal. Como formação base em licenciatura e bacharelado em História Natural pela Universidade Federal da Bahia.

O principal objetivo da reunião foi fortalecer e articular os conselhos municipais de educação de nosso território de identidade, com foco na qualidade do ensino e nos princípios e diretrizes para o fortalecimento da educação.

A fala inicial ficou a cargo da professora Suzzana Alice Lima Almeida, diretora da UNEB-campus VII, falou sobre a importância da UNEB em nosso território, trouxe conceitos norteadores como inclusão e diversidade (no momento pensei a UNEB acolhe, é mãe), é inquestionável o papel desta universidade na formação inicial e continuada de professores e os impactos econômicos, sociais, políticos e culturais para o território.

As falas inicias foram de esperança sobre entender como a BNCC na prática irá impactar nosso currículo, vejo rostos esperançosos em compreender sua aplicabilidade, esperávamos respostas a tantas perguntas, esperávamos vislumbrar algo bom, e realmente foi o que ouvimos de certo modo.

A fala da professora Alba iniciou com justificativas para a BNCC, a curricularização de 40% práticas escolares compartilhadas e contextualizadas e com certo foco nos "valores", falemos destes daqui a pouco... A BNCC sempre esteve presente, os 40% tão incógnitos na verdade é a parte diversificada do currículo, parece simples não?

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) prevê, para os ensinos Fundamental e Médio, o mínimo de 200 dias e uma carga horária de, ao menos, 800 horas por ano letivo (Art. 24, I). O currículo dessas etapas da Educação Básica estipula uma base comum e uma parte diversificada. Na primeira, constam obrigatoriamente "o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil" (Art. 26, § 1º). Já na segunda podem ser incluídas disciplinas de livre escolha das escolas e dos sistemas de ensino, conforme os interesses e as possibilidades de execução.

No ensino médio a parte diversificada será curricularizada, não mais livre, a BNCC em seus artigos 11 e 12 nos diz que, indissociavelmente, a parte comum e a parte diversificada, serão desenvolvidas, porém esta última organizada por meio de itinerários formativos, com carga horária de 400h anuais, do total de 1000 horas-aula. Estes itinerários serão conduzidos por quatro eixos temáticos: empreendedorismo, iniciação científica, processos criativos e mediação e intervenção cultural.

Prof. Alba muito nos ensinou hoje sobre como atualmente a educação tem sido um campo fecundo de estudo e investigação, especialmente, em suas palavras, "educação é a possibilidade". Na sua fala que nos transmite segurança e resiliência, a educação como espaço de oportunidades, consciência de espaço e principalmente de futuro. Comparada a um oásis, no sentido de a escola ser um espaço propício a vida, em meio a estes tempos atuais que nos exigem abrir caminhos a serem trilhados.

Não... Não é uma propaganda do Future-se.

Focados e imersos em responsabilidades, para professores e coordenadores pedagógicos em especial, para a construção de um currículo focado na tríade conhecimento-saberes-valores.

Conhecimentos formais, disciplinarizados e culturalmente categorizados e organizados em livros didáticos. Saberes locais e regionais, considerando a diversidade e a cidadania. E valores, ligados a uma consciência de si, do outro, de desenvolver equilíbrio e gestão socioemocional.

Este último tópico foi foco de todo o restante da reunião. Muitos verbos no imperativo foram norteadores para nossa melhor compreensão: "aperfeiçoar, valorizar, reconhecer, desenvolver". Ligados a Autoestima, autorespeito, autoconceito e autoimagem. Segundo nossa professora mediadora desta reflexão, nossa sociedade perdeu-se sem valores, visto seu currículo, "experiência em educação, imaginário, políticas educacionais, educação sócio-moral e educação inclusiva", devemos apreciar suas considerações sobre a perda de valores pela sociedade atual e o motivo deste ser foco para a educação.

Mas "alguma coisa acontece no meu coração" (Sampa - Caetano Veloso). Assim como Caetano muitas coisas e principalmente dúvidas surgem em meu coração, quais valores norteadores serão guias para a construção dos novos trilhos da educação?

Para Paulo Freire, conseguimos nos descolonizar de Portugal, difícil é descolonizar nossas mentes, ações e corpos. Ao abrir par ao debate, três perguntas forma feitas, sobre valores e a angústia de querer ver na prática o que seria a parte diversificada do currículo. Dos três questionamentos um foi o meu, trouxe bell hooks e Paulo Freire para discussão e a diversidade, não como uma palavra que objetiva dividir o currículo em duas parte, mas como fundamento do próprio currículo. E tive as esperanças meio frustradas, quando ouvi comentários pela professora mediadora que nós já sabemos Paulo Freire de có e salteado, porém não sabemos de valores, e que isto é que deve ser o foco da discussão.

A experiência do processo formativo de bell hooks para mim, é espelho e parte do princípio de como construir práticas escolares libertárias e de entusiasmo. Entusiamos , amor e liberdade como práticas de liberdade.

No meu processo formativo conheci bell hooks na pós-graduação, na disciplina de multiculturalismo do mestrado em educação e diversidade da UNEB. Ainda apreciando sua teoria que nos ensina que teoria cura.

Como a teoria poderia está defasada, por a termos "sabermos de có e salteado" apreendidas meio que por osmose, provavelmente?

Como algo que cura, uma trilha que liberta pode está sendo colocada para outro plano, distante da ideia de 'valor'? Se valores são subjetivos, móveis, e que "no meu coração" são guiados justamente por amor, liberdade e diversidade? De que valores ela estava falando então?

Certamente, saí com mais dúvidas quanto a aplicabilidade da BNCC, entretanto, valores guiam meu coração, creio que a teoria cura, e a partir dos preceitos de liberdade, amor e diversidade conduzirei minhas práticas, espero que muitos dos meus colagas tenham sido tocados pela diversidade, pela transgressão que tentei apresentar por meio de bell e Freire, por seus ensinamentos de liberdade e amor como práticas educativas.



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