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BUSCA ATIVA:

Atualizado: 2 de ago. de 2022

REFLEXÕES SOBRE AS FERRAMENTAS DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DA EVASÃO NO ENSINO “REGULAR” E EDUCAÇÃO ESPECIAL



A busca ativa é uma ferramenta eficaz para que escolas, municípios e estados possam acompanhar, monitorar a frequência escolar de crianças, adolescentes, jovens e adultos no espaço escolar, bem como mobilizar esforços em combate a evasão e o abandono dos estudantes da escola.

Acompanhando e mobilizando a busca ativa na rede pública estadual de ensino, na modalidade Ensino Médio, a busca ativa daqueles alunos que em geral pararam de frequentar a escola por algum motivo, se desenrola em diversos movimentos e meios para entrar em contato com este aluno, entender os motivos e mobilizar esforços para seu retorno o mais breve possível.

Estamos na região norte da Bahia, cidades pequenas, com grandes extensões territoriais, o que implica em cidades com um centro urbano que centraliza o comércio, e diversas comunidades e distritos, em sua maioria rurais.

Faz-se necessário diversificar os meios de comunicação escola-aluno, escola-comunidade, escola-família, em especial, quando esta se encontra afastada da escola. Utiliza-se a rádio local, carros de som que passam pelas ruas da cidade e em comunidades afastadas, bem como os meios mais atuais, internet, geralmente as redes sociais, como o instagram e o whatsapp.

Na Educação Especial, pessoas com deficiência são incluídas no espaço escolar, de forma que, em sua maioria, são apenas sujeitos dentro de um espaço público, ou, um corpo dentro de um prédio, dentro de uma sala de aula, sem real participação da vida da escola.

Não vemos as pessoas com deficiência nas rodas de conversa entre os adolescentes, no centro das atenções das paqueras, entre grupos de amigos nos pátios, corredores ou na quadra da escola, não os vemos nas festas juninas, não os vemos nos jogos escolares, ou nos grêmios estudantis, ou como líderes ou vice-líderes de suas turmas.

Apesar dos avanços nas conquistas de direitos pelas pessoas com deficiência, vemos que há muito a se caminhar; e, apesar dos esforços dos profissionais da educação vemos que o “não ver” é uma forma de auto proteção contra a angústia de, muitas vezes, não saber didática e metodologicamente tratar esta questão dentro de sua sala de aula.

A segregação acontece, é visível, e ignorada, o fato de professores cumprirem um pequena hora-aula em sala de aula para cumprir seus planos de aula e de curso, em meio a diversos projetos, reuniões de planejamento, avaliações, trabalhos avaliativos diversificados, provas, correções de diversas atividades, cumprir carga horária extra em outras instituições para complementação da renda, faz com que não tenha tempo para focar esforços na Educação Especial.

Justificativa?! Falta formação nesta área para coordenadores pedagógicos para que, dentro do espaço escolar, possam criar processos formativos para instrumentalizar e contribuir com este professor que, realmente, angustia-se ao ver-se ignorar alguns de seus alunos, por não ter em mãos, condições didáticas e metodológicas para tratar com esta questão.

Estamos em uma era diferente, os surtos de diversas doenças que afetam o sistema neurológico vieram uma atrás da outra (zika, chicugunya, corona vírus), estamos neste momento atual no século, nos últimos cinco anos, segundo dados do INEP, por meio do censo escolar, percebeu-se que o número de matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país, de 2014 a 2018.

Em 2018, chegou a cerca de 1,2 milhões de alunos com deficiência, altas habilidades e transtornos globais do desenvolvimento matriculados nas escolas brasileiras. Por lei, pelo Plano Nacional de Educação – PNE, o Brasil deve incluir todos os estudantes de 04 a 17 anos de idade na escola. Os estudantes devem ser matriculados nas classes chamadas “regulares” ou “comuns”, faço um destaque para estes termos para refletir sobre o que normatizamos como regular e comum, se existem estes tipos de classes e escolas, então, existirá, classes irregulares e incomuns.

Porque não apenas escolas, se acreditamos que a educação deve ser pública e para todos, escolas para todos e todas, para pessoas com deficiência e que não possuam deficiência, apenas classe, apenas escola; se já diferenciamos o atendimento educacional especializado, ou as escolas de educação especial, porque rotular as escolas como “normais”, “regulares”, “comuns”?

Um relatório do Centro de Controle de Doenças (CDC) divulgado em junho de 2022, e que ganhou amplitude mundial, mostrou um aumento significativo na porcentagem de crianças com transtorno do espectro autista – TEA nos Estado Unidos.

O estudo revelou que 1 em 59 crianças tem autismo, o que corresponde a um aumento de 15% em relação aos últimos dois anos, a pesquisa é uma amostra do que acontece em todo o mundo.

Cabe ainda chamar as escolas públicas de “regulares, comuns, normais”? São escolas, que devem, desde o entendimento, normas, registros, títulos, leis, serem apenas escolas, que oferecem diversas modalidades educacionais para atender a diversidade que nela habita: Educação de Jovens e Adultos, Infantil, Médio, Profissional, Especial, entre outras. Mas ainda assim, apenas escola.

Aproveito o momento para enfatizar o trabalho no Centro de Apoio Pedagógico Edna Paixão, chamado a pouco tempo de Colégio Estadual Instituto Psicopedagógico. A escola oferta Educação Especial, tem oito turmas no turno matutino e oito no turno vespertino, sem seriação, oferece atendimento educacional especializado em grupos em suas turmas, de até no máximo dez alunos, e atendimento individualizado com psicopedagogas.

A escola atua com a pedagogia de projetos, a cada unidade letiva projetos com temas pre-planejados são construídos, atendendo questões sociais, psicoemocionais e culturais, apesar de cada projeto ter um tema, eles se conversam, e se atravessam durante todo o ano. É um trabalho que parte da experiência dos/as estudantes para os/as estudantes.

Com um laboratório vivo para atividades de campo, socialização, trabalho e cuidado, de si e do outro, através da manutenção e cuidados da horta e jardim escolar. Atividades esportivas são realizadas como a caminhada, pelas ruas da cidade, no entorno da escola, e o vôlei. Além de jogos e gincanas adaptadas para atender a todos/as.

A escola atende alunos com surdez, deficiência física, intelectual, múltiplas deficiências, transtorno do espectro autista, entre outros. Os conhecimentos construídos perpassam a escola, alunos/as que estudam libras ensinam os/as demais, tanto estudantes quanto professores/as. Posso afirmar, que meu contato mais próximo com a língua de sinais foi aqui, estou na coordenação pedagógica deste abril de 2022, tem sido um grande aprendizado.

Neste pouco tempo venho percebendo o quanto deixamos a desejar e muitas vezes com ações possíveis que poderiam ser realizadas em todas as escolas: se temos placas nas portas, salas, direção, secretaria, banheiros, etc, informando os espaços da escola, por não ter estes mesmo avisos em braile e em libras? Por que não temos cartazes com a língua de sinais, para que estudantes saibam e conheçam alguns sinais básicos, como bom dia, boa tarde? Os mesmos disponíveis gratuitamente na internet.

Por que nos projetos escolares não incluímos as pessoas com deficiência para exercer algum papel ativo nestes eventos que incluem todos/as os/as alunos/as? Se aqui é possível, fizemos rodas juninas, trens juninos, quadrilhas, cuidados com horta, jardim, esporte, se vejo no dia a dia da escola práticas de inclusão, por que em todas as escolas não o são?























A evasão escola em uma escola de educação especial não acontece porque, simplesmente, não há evasão escolar, por não haver seriação, a escola possui estudante que estão matriculados a mais de dez anos consecutivos, frequentando, a mobilidade maior acontece nas turmas de alunos cegos e surdos, que ao dominarem o braile e a língua de sinais, desvinculam-se para almejar novos espaços educacionais e profissionais.

Tempos mais frios que aumenta o número de casos de doenças virais é um fator que faz a frequência diminuir, mas não evadir, mudança de cidade, doença ou morte, são motivos para o/a aluno/a não frequentar a escola. Privação de transporte escolar, já que o Centro de apoio pedagógico Edna Paixão atende estudantes de todo o território, municípios vizinhos como Antônio Gonçalves, Andorinha, entre outros.

É preciso formação continuada para coordenadores/as pedagógicos/as e professores/as, é preciso refletir para agir. É preciso pararmos de fingir que estamos incluindo apenas realizando o ato da matrícula e perceber as falhas para atuar frente a elas, com crítica, com responsabilidade, com inclusão e amor.

Algo que tenho aprendido todos os dias, uma pedagogia para o amor, não há a correria e necessidade de atender planos para cumprir um cronograma e uma gama de conteúdos para uma série específica, a o atendimento para as necessidades de cada um/a, cada pessoa é vista, valorizada, cada pessoa é respeitada e participa, dentro de seus limites e possibilidades, das diversas atividades educativas.

Aprendi nestes poucos dias na escola de educação especial que não se chama assim por atender pessoas com deficiências, mas por entender algo realmente precioso, que educar é amar, que podemos, todos nós, qualquer pessoa, ter limites para algo ou alguma coisa, menos para amar, sorrir, respeitar, viver, afetar-se por este movimento, uma pedagogia para/do ser.




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